19 de março de 2013

sindicalização das vacas

     A maior parte das tabelas de alimentação bovina admitem que um bovino come 2,5 % de seu peso vivo de matéria seca ( MS ).
      Estudos do professor Johnstone-Wallace mediu a quantidade de pasto colhida pelos bovinos, usando a gaiola isolante.
     Nos três primeiros dias colheram 68 kg  de pasto fresco, aproximadamente 14,5 kg de MS.
    Nos três dias seguintes os bovinos, sobre o pasto já pastejado, colheram 41 kg de pasto fresco, aproximadamente 9 kg de MS.
    Nos últimos três dias de pastejo, nesta mesma pastagem já bastante rapada, as vacas colheram somente 20 kg de pasto verde, aproximadamente 4,5 kg de MS.
    Mas um dos fatos mais notáveis que apareceu durante esta experiência é o seguinte: Nenhum aumento de superfície da pastagem pastejada provocou qualquer crescimento na quantidade de pasto colhido pela vaca, mesmo tratando-se de pastagem de baixa qualidade em que a quantidade de MS colhida era muito fraca ( 4 a 7 kg ).

       TEMPO                           Kg PASTO VERDE         Kg MS
1º terço de ocupação                         68                            14.5
2º Terço de ocupação                        41                              9.0
3º Terço de ocupação                        20                              4.5
MÉDIA                                            43                              9.3

     Para completar o estudo, o professor manejou as vacas para outro piquete durante mais três dias. Neste piquete o pasto tinha crescido 25 cm de altura. Os animais colheram 32 kg de pasto fresco, aproximadamente 7,6 kg de MS.
    Isto comprova que não é com uma altura muito elevada do pasto que os animais colhem a quantidade máxima, mas com a altura média que  lhe permite um trabalho mais eficiente de colheita.
   Se chamarmos de pastejo o conjunto de operações que consiste  na movimentação para procurar o alimento e o ato de cortar o pasto, o tempo empregado no pastejo durante as 24 horas do dia,  neste trabalho do professor observou-se que as vacas pastejaram unicamente 8 horas pôr dia, jamais este tempo foi ultrapassado.
 Quanto a operação de cortar e colher o pasto propriamente dita, dura aproximadamente 5 horas.
 O tempo empregado na ruminação é cerca de 7 horas, intercalados durante todo o dia.
 Os estudos realizados demonstram que este tempo é influenciado pelo teor de celulose dos alimentos.
 O tempo permanece o mesmo, esteja a vaca numa pastagem tenra e densa ou em um pasto rapado e pobre. Ora, neste último caso, a vaca colherá apenas 20 kg de pasto de fraca qualidade, insuficiente para satisfazer suas necessidades de subsistência. Apesar disto, as vacas são incapazes de realizar um esforço suplementar para proporcionar a si mesma mais alimento.
 Todos os estudos do professor Jojnstone-Wallace mostram que as vacas se recusam a fazer horas extras na atividade de colher o pasto, e como ele observa com bom humor " parece que o sindicato das vacas impõe a seus membros regras extremamente rígidas que nenhuma se atreve a desrespeitar."
 Até parece alguns sindicatos conhecidos que possuem posições radicais misturando classismo, personalismo e movimentos partidários.
 Devemos admitir que, ao cabo de 8 (oito) horas, os animais gastaram, no deslocamento e no corte, uma quantidade  de energia que representa o máximo de esforço que pode realizar. O gasto energético de um bovino em deslocamento é de 0,48 cal/kg de peso vivo/m de deslocamento.
 O ato de pastejar consiste no corte das folhas e hastes pôr meio dos maxilares. O animal adulto tem uma largura média de 6 cm. A fileira de dentes da mandíbula apoia-se sobre o coxim do maxilar, produzindo a ação do corte. A posição relativa dos dentes e a deste coxim impossibilitam a vaca de pastejar a menos de 12 mm do solo.
 Durante o pastoreio, a língua está continuamente em ação: projeta-se da boca  e se desloca-se um lado a outro. Serve para reunir uma certa quantidade de pasto e introduzi-lo na goela.
 Durante o pastoreio, a vaca caminha para frente, movendo regularmente a cabeça e o pescoço, de uma lado para o outro, e dá cerca de 30 a 90 dentadas pôr minuto. As vacas mais famintas 90 dentadas pôr minuto e as demais esta cadência pode cair a 30 dentadas pôr minuto..
 O tempo durante o qual os bovinos dão suas dentadas de maneira ininterrupta varia bastante.
 O tempo máximo que se pode observar foi de 30 minutos.  É interessante notar que este fato ocorre em uma pastagem de 10 a 15 cm de altura, cuja qualidade se aproxima da perfeição.
 Quando uma vaca, depois de ter repousada e ruminada, começa novamente a pastar, têm a tendência de pastar mais ligeiro. Depois pouco a pouco, diminui este ritmo até o momento em que para.
 Pensou-se, durante muito tempo, conforme vários autores, que existem “ pastadoras rápidas “ e “ pastadoras lentas “, sendo esse um caráter hereditário.  Segundo trabalhos neozelandeses, constatou-se, ao contrário, que todas as vacas, possuem o mesmo ritmo médio, mas que existem, pôr herança, “vacas pastadoras com tempo longo de colheita “ e “ vacas pastadoras com tempo curto de colheita”.
 As vacas vivem normalmente em rebanho e é importante saber em que medida essa vida em comum influi no seu comportamento individual.
 Sabemos que as vacas têm tendência a agruparem-se para deitarem. 
 Se um animal não está no grupo, podemos ter a certeza que ele não pertence ao rebanho há muito tempo e ainda não adquiriu direito  na sociedade ou esta’ com algum problema sanitário ou reprodutivo.
 Mas, salvo estes casos excepcionais, observamos que as vacas pastam juntas, bem agrupadas, pastando quase em cadência.
 Não há dúvidas de que vacas de um mesmo rebanho têm tendência a observar certas atitudes idênticas, e que certas “leis gregárias” regem o comportamento de cada animal.
 As vacas têm, em geral, tendência a pastar, ruminar, beber água ou deitar-se simultaneamente todas juntas.
 Quando no grupo de vacas que está pastando, uma minoria começa a ruminar e, apesar deste apelo, as demais continuam a pastar, a minoria recomeça a pastejar com a maioria. Ao contrário, se este sinal é seguido pelo maioria, toda a tropa começa, finalmente a ruminar. Se a maioria se desloca para o bebedouro, todas acompanham.
 Existem animais que desempenham o papel de líder e cuja a vontade se impões à maioria.
 Evidentemente, seria interessante conhecer melhor as causas e conseqüências do instinto gregário das vacas. Mas, do que acabamos de descrever de nossas observações podemos deduzir uma provável conclusão:
 Existem interesse em formar grupo homogêneo de animais, de maneira que possam estabelecer, o mais facilmente possível, seu programa comum de ocupação.
 Podemos chegar a temer que uma vaca excepcional, capaz de apresentar tempo de pastoreio mais longo, seja perturbada, porque as outras vacas começam a ruminar. Efetivamente, é provável que, em conseqüência do instinto gregário, esta vaca excepcional não realize o esforço total de que é capaz para colher pasto, pois adotará a atitude da maioria do grupo.
 A divisão entre grupos homogêneos reduz as lutas entre animais.
Quando queremos deslocar os animais para manejo, quando o bebedouro ou o saleiro é de difícil acesso, a concentração é muito grande: corre-se o risco de lutas entre os animais, geralmente os mais fortes dominando os mais fracos.
 Desta maneira, com a divisão em grupos homogêneos, diminuímos o risco de animais “grandes pastadores” de não poder utilizar todo seu potencial de pastoreio, porque os outros começaram a ruminar.
 Lotes de animais heterogêneos, ou muito grande, prejudicam alguns animais devido ao instinto da simultaneidade de ações.
 Se o lote é muito grande, pôr exemplo, e o bebedouro pequeno ou de difícil acesso, os últimos animais a saciarem a sede, perderão tempo de pastejar, pois depois quando a maioria começar a ruminar, certamente estes acompanharão a maioria, com isto, terão menos tempo e colherão menos pasto.

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