18 de março de 2015

Mofo Branco

Mofo Branco na cultura da soja.

     O Mofo Branco causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum é, atualmente, uma das principais doenças da cultura da soja pelos prejuízos ocasionados nas últimas safras e pela dificuldade de controle.
         O fungo tem como hospedeiro mais de 400 espécies pertencentes a, aproximadamente, 200 gêneros botânicos; entre as mais importantes culturas estão, além da soja, feijão, girassol, algodão, tomate industrial, batata e algumas outras hortaliças.
        A disseminação se dá principalmente pelas sementes, que podem estar infectadas com o micélio do fungo, ou por contaminação devido a presença de estruturas de sobrevivência denominadas de escleródios.
    As condições de clima favoráveis para seu desenvolvimento são alta umidade e temperaturas amenas. Nesta situação, uma lavoura de soja pode sofrer perdas médias de 30% chegando a 70% ou mais em períodos chuvosos ou quando medidas preventivas não são tomadas.
       Na ausência de hospedeiro suscetível, o fungo pode persistir por um longo período no solo por meio das suas estruturas de resistência (escleródios), caracterizadas pela sua dureza e coloração escura, com forma semelhante as fezes de rato, que sobrevivem imersos no solo por um período médio de 5 anos ou mais, podendo chegar até 10 anos.
       Os sintomas iniciais da doença são lesões encharcadas nas folhas ou em qualquer outro tecido da parte aérea que normalmente tenham tido contato com as flores infectadas. As lesões espalham-se rapidamente para as hastes, ramos e vagens. Nos tecidos infectados aparecem uma eflorescência branca que lembra algodão, constituindo os sinais característicos da doença.
      Até a cultura chegar ao florescimento, dificilmente a doença torna-se importante. Após este período, a doença é disseminada rapidamente porque a flor é fonte primária de energia, servindo de alimento para o fungo iniciar novas infecções.
      Quando a cultura é colhida, os escleródios formados nos tecidos vegetais podem cair ao solo e novamente tornarem-se fonte de inóculo para a cultura subsequente e irem assim se multiplicando sucessivamente quando houver plantas hospedeiras.
     Não há disponibilidade de cultivares de soja geneticamente resistentes a S. sclerotiorum, podendo sim haver diferenças de suscetibilidade entre eles.
     Diversidades no porte ou arquitetura de plantas podem influenciar no desenvolvimento da doença.
     As formas de prevenção do Mofo Branco constituem no uso de sementes sadias, cobertura do solo, visando uma barreira física à germinação dos escleródios presentes no solo, rotação de cultura com gramíneas e uso de fungicidas em tratamento de sementes e parte aérea.
     O uso de fungicidas na parte aérea pode ser necessário quando outras medidas não são suficientes para assegurar o controle. Ainda podem influenciar no sucesso de controle, pois afetam a aeração e o sombreamento da lavoura, o espaçamento de plantas, a densidade de semeadura e a arquitetura da planta.
     A palhada densa representa uma das principais ferramentas no controle físico por agir sobre a germinação dos escleródios e, por conseguinte, reduzir a formação dos apotécios (corpos de frutificação). Seu uso proporcionou uma redução de 98% na formação de apotécios, diminuindo a incidência do mofo branco em soja de 64% (na ausência de palhada) para 42% (na presença da palhada).
      Estes não devem ser confundidos com cogumelos, embora haja alguma semelhança entre eles. As pulverizações devem ser realizadas uniformemente, com boa distribuição nos tecidos da planta e, se possível, alcançando a superfície do solo, onde surgem os apotécios e desenvolvem o micélio (parte vegetativa, de coloração branca).
      Os controles químicos e biológicos do Mofo Branco requerem muita atenção do produtor e suas eficiências dependem sobre tudo da época e modo de aplicação. A abertura das primeiras flores – é o chamado estádio R1.
     Deve ser realizada quando há histórico na área e as condições forem favoráveis à doença, quando normalmente podem surgir os primeiros apotécios. Além disso, a qualidade da aplicação do produto químico ou biológico é tão importante quanto a época, porque é preciso alcançar as partes inferiores da planta e a superfície do solo, além de proteger as flores para uma maior eficiência.
     Dentre os fungicidas recomendados para o controle do fungo, tem reconhecida eficiência o fluazinam e procymidone, mostrando-se promissores o fluopyram, dimoxistrobin + boscalid, pentiopyrad e cipronidil + fludioxonil. Vale salientar que o controle químico isolado pode não apresentar bons resultados, devendo ser empregado juntamente com outras medidas que visam à diminuição do potencial de inóculo no solo para que haja uma maior eficiência no combate a doença (Furlan, 2013).
     O período crítico da doença vai do florescimento até a formação das vagens. As flores são muito importantes em todo o ciclo. Desde o fechamento das plantas, o produtor precisa redobrar os cuidados nas lavouras devido ao microclima formado. Durante este período são necessárias, em média, duas aplicações dos produtos com intervalos médios de 12 a 15 dias.
    Na cultura da soja, o volume de aplicação a ser utilizado é de 250 L/ha, e realizar a aplicação com o maior rigor possível, para que se minimizem as falhas de aplicação, não se permitindo errar o alvo.

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