21 de março de 2012

Cronologia da agricultura no RS

CRONOLOGIA DA AGRICULTURA NO RIO GRANDE DO SUL
1609
     A agricultura do Rio Grande do Sul começou sob o ponto de vista econômico quando os jesuítas e guaranis, principalmente a região missioneira dos Sete Povos das Missões (São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio) criavam imensos rebanhos.
     No período entre 1609 e 1768, sob o domínio teocrático, desenvolveram além da questão cultural e religiosa, muitos avanços nas questões econômicas.
     A criação de animais domésticos, como cavalos, ovinos e bovinos, que serviram como força de trabalho na tração de carroças e implementos agrícolas, na alimentação como carne e leite, no vestuário com peles e lã.
     Uma das primeiras agroindústria foi a do curtume de pele. Também desta época a extração e o beneficiamento da erva mate e a moagem de grãos através de manjolos e pilões.

1748
     A partir de 1748, a imigração para casais açorianos passa a ser subvencionada e calcula-se que entraram no Rio Grande aproximadamente 2.300 açorianos entre 1748 e 1756, o que representava dois terços da população gaúcha da época.
     O maior legado para a ocupação foi a policultura de subsistência, incluindo-se aí o trigo.

1780     Em 1780, as charqueadas consistiam da produção artesanal e em pequena escala de carne seca para a alimentação de escravos em todo o Brasil.

1824
     Em 1824 o Governo Imperial do Brasil, criou uma série de medidas aduaneiras (imposto de 640 réis sobre cada animal e a taxa de 2%, cobrados sobre couro, charque, sebo e gordura) e a proibição do envio de gado bovino para o Uruguai, medida esta de conflitava entre estancieiros e charqueadores, além do descaso do governo às solicitações de sobretaxar a carne Argentina como forma de igualar a concorrência.
     As primeiras tentativas de trazer colonos europeus ocorreram em 1824 quando a oferta brasileira de cessão de 77 hectares de terras, de ferramentas, gado, sementes, auxílio financeiro durante os dois primeiros anos, além da isenção de impostos nos primeiros 10 anos, encontrou um contingente populacional na Alemanha que viu na migração a única saída, quando aproximadamente 5.000 colonos chegaram ao Rio Grande do Sul, especialmente em na região do rio dos Sinos (São Leopoldo).

1875    
     As primeiras famílias de italianos chegaram a partir de1875, vindos do norte da Itália, das regiões do Vêneto (54%), Lombardia (33%).

1882
     A soja chegou ao Brasil via Estados Unidos, em 1882. Gustavo Dutra, então professor da Escola de Agronomia da Bahia, realizou os primeiros estudos de avaliação de cultivares introduzidas daquele país.

1891
     Em 1891 houve a chegada do primeiro grupo de migrantes vindos do norte da Polônia, região então ocupada pela Prússia.
     A grande expansão da produção agrícola ocorreu tanto pela melhoria dos transportes, que permitiu o acesso dos produtos agrícolas ao mercado, como pela adoção de tecnologias modernas, mas o fato mais importante foi o grande número de agricultores-colonizadores que incorporaram terras virgens.

1900
     Em 1900 e 1901, o Instituto Agronômico de Campinas, SP, promoveu a primeira distribuição de sementes de soja para produtores paulistas e, nessa mesma data, têm-se registro do primeiro cultivo de soja no Rio Grande do Sul (RS), onde a cultura encontrou efetivas condições para se desenvolver e expandir, dadas as semelhanças climáticas do ecossistema de origem (sul dos EUA) dos materiais genéticos existentes no País, com as condições climáticas predominantes no extremo sul do Brasil.

1912    
     Em 1912, o Ministério da Agricultura criou o primeiro Campo Experimental de Trigo, no Rio Grande do Sul.

1914
     Em 1914 com a primeira grande guerra dificultou a importação de peças e ferramentas para a produção agrícola, o que favoreceu o surgimento de empresas nacionais, mas sem interferir no modelo econômico exportador de matéria-prima da agricultura.
     O primeiro registro de cultivo de soja no Brasil data de 1914 no município de Santa Rosa, RS.

1919
     Em 1919 foi fundada a Estação Experimental de Alfredo Chaves, hoje Veranópolis.
     A triticultura brasileira teve um marco importante, em 1962, com a criação do CTRIN, que, conjugado com o esforço da pesquisa, que fez surgir variedades resistentes à ferrugem, além do salto nas cotações internacionais da soja e o preço de incentivo do trigo.

1940
     Mas foi somente a partir dos anos 40 que ela adquiriu alguma importância econômica, merecendo o primeiro registro estatístico nacional em 1941, no Anuário Agrícola do RS: área cultivada de 640 ha, produção de 450 t e rendimento de 700 kg/ha.
     Nesse mesmo ano instalou-se a primeira indústria processadora de soja do País (Santa Rosa, RS) e, em 1949, com produção de 25.000 t, o Brasil figurou pela primeira vez como produtor de soja nas estatísticas internacionais.

1950
     Nos anos 50 no Rio Grande do Sul, a atividade agrícola sofreu forte declínio, em função da redução da capacidade produtiva natural dos solos, da impossibilidade de avanço da fronteira agrícola, e da expansão das lavouras no Estado do Paraná e no Centro-Oeste, o que desencadeou uma nova crise no setor agrícola.
     A expansão da triticultura gaúcha começou nos anos 50 sustentada pelo crédito fácil, juros baratos e garantia de preço estável. Durante muitos anos o Rio Grande do Sul foi o maior produtor de trigo do Brasil, perdendo a liderança para o Paraná em 1979.

1960
     Nos anos 60-70, a produção agrícola intensiva, voltada para o aumento da produtividade, fundamentada nas novas políticas de governo que absorvia a denominada “revolução verde”, favoreceu sobremaneira as características regionais e a produção da soja, que se tornou o principal produto agrícola do Rio Grande do Sul.
     Mas foi a partir da década de 1960, impulsionada pela política de subsídios ao trigo, visando auto-suficiência, que a soja se estabeleceu como cultura economicamente importante para o Brasil. Nessa década, a sua produção multiplicou-se por cinco (passou de 206 mil toneladas, em 1960, para 1,056 milhão de toneladas, em 1969) e 98% desse volume era produzido nos três estados da Região Sul, onde prevaleceu a dobradinha, trigo no inverno e soja no verão.
     Apesar do significativo crescimento da produção no correr dos anos 60, foi na década seguinte que a soja se consolidou como a principal cultura do agronegócio brasileiro, passando de 1,5 milhões de toneladas (1970) para mais de 15 milhões de toneladas (1979).
     Muitos fatores contribuíram para que a soja se estabelecesse como uma importante cultura, primeiro no sul do Brasil (anos 60 e 70) e, posteriormente, nos Cerrados do Brasil Central (anos 80 e 90).
     A primeira revolução tecnológica ocorrida no Rio Grande do Sul foi promovida em meados dos anos 60 pela “Operação Tatu”, programa que promoveu a calagem e correção da fertilidade dos solos, favorecendo o cultivo da soja.
     A Operação Tatu, experiência conduzida no Rio Grande do Sul, no final da década de 60, procurou demonstrar ao agricultor que as práticas da calagem e da adubação quando bem conduzidas são capazes de aumentar a produtividade e a renda da exploração. Essa bem sucedida operação alcançou resultados, cujos ganhos de produtividade variaram de 26%  a 200%.

1970    
     O auge da produção de trigo no estado data da década de 70, quando o Estado chegou a plantar 1.672.351 ha e desde então vem apresentando significativa redução ate que em 1995, registrou-se uma das menores áreas cultivadas da história com 638.881 ha.

1973
     A partir de 1973, empenhado em alcançar suas metas de redução da inflação, o Governo introduziu os subsídios ao consumo de farinhas, para evitar que altas internacionais de trigo, influíssem na inflação.

1975
     O estágio seguinte, que sucedeu a Operação Tatu, foi o do PROCAL, 1975-79, programa de abrangência nacional.
      A segunda revolução tecnológica, a partir de 1974, foi a difusão do Sistema de Plantio Direto-SPD, que permitindo diminuição drástica da erosão do solo e da melhoria dos seus níveis de fertilidade e de suas condições físicas, com conseqüente aumento de produtividade.

1990
     Em 1990, foi aprovada a Lei que acabou com o sistema de cotas de moagem e o monopólio da União na compra e venda de trigo.

1996
     O aumento das exportações de soja em grãos e farelo é impulsionado, a partir de 1996, pela Lei Kandir que desonerou os produtos voltados à exportação pela redução do ICMS.

2001
     Desde 2001, o SPD brasileiro é indicado pela FAO (Fundo das Nações Unidas para a Agricultura) como modelo de agricultura.

2005
  A terceira revolução  tecnológica foi a aprovação da legislação de biotecnologia no Brasil em 2005, autorizando o plantio e a comercialização da soja transgênica, constitui para o setor produtivo da soja a mais recente mudança no ambiente tecnológico.

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